A VERDADEIRA DONA DA CASA



 


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Esse fato aconteceu comigo em meados de 2010.

Eu e minha mãe estávamos à procura de uma casa para alugar, próximo à casa dos meus avós e da escola do meu irmão mais novo.
Andamos pelas ruas procurando por placas de aluguel e pedindo informação, até que uma moça nos disse que havia uma casa para alugar há pouco tempo e ficava alí perto. Então, fomos até lá.
A casa era pequena, menor que as outras, logo deu para ver que também era estreita e escura, mal iluminada.
A janela estava aberta e havia uma moça sentada na sala, que ficava bem na frente da casa, logo depois de um pequeno pátio.

Minha mãe a chamou e ela veio nos atender.
Ela estava lá com o filho pequeno para cuidar da casa até que alguém a alugasse, nos falou sobre os cômodos e o valor do aluguel, que estava muito barato perto dos outros que vimos.
Minha mãe perguntou se podíamos entrar para ver o interior da casa e ela disse que sim.
Logo que entramos, algo bem estranho aconteceu comigo; senti uma enorme pressão na minha cabeça, como se houvessem jogado um balde de água com muita força.

Ao mesmo tempo, me senti muito mal, meu corpo pareceu fraco demais e, por alguns instantes, tudo ficou lento e eu passei a enxergar as coisas de forma diferente, como em efeito sépia.
Minha atenção voltou-se para um retrato bem no alto na parede da sala, à direita; era um retrato antigo e em preto e branco, que destoava da sépia, de uma senhorinha com expressão carrancuda que aparentava ter seus sessenta e tantos anos. Ela parecia estar com raiva.
Eu devo ter ficado parada por alguns segundos, então minha mãe me chamou e tudo ao redor voltou ao normal, mas eu ainda me sentia mal.
Parece que eu estava andando debaixo d’água, por que eu sentia uma dificuldade crescente para andar, à medida que íamos andando, eu me sentia pior.

A casa tinha um corredor grande que começava do lado esquerdo da sala e ia até a cozinha, e do lado direito do corredor haviam dois quartos e depois da cozinha ficava o único banheiro da casa, seguido pelo quintal.
A casa realmente era mal iluminada, não tinha janelas nos quartos e a única luz natural era indireta, pois vinha da janela da sala e da cozinha.
Quando eu cheguei em frente ao primeiro quarto, de novo algo estranho aconteceu.
Eu olhei para dentro (não tinha porta nesse quarto) e vi uma cama de solteiro e um guarda roupa de madeira pequeno.
De repente, foi como se todas as paredes e o guarda roupa sumissem, e o lugar ficou havendo somente uma escuridão interminável e a cama, com uma luz azulada em cima dela.

Tudo ao redor sumiu! Quando consegui virar para a frente, já bem assustada com tudo aquilo, olhei para o corredor e ele começou a esticar!
E, de novo, tudo estava com efeito sépia.
Eu queria correr dalí, já não aguentava mais ficar lá dentro, parece que havia pressão de todos os lados do meu corpo.
Novamente minha mãe me chamou e veio ver o que eu fazia parada lá no corredor.
Eu só disse que não estava bem e ia esperar ela lá fora. Então, finalmente eu saí, mas não sem antes olhar de novo para o retrato estranho na sala.
Assim que eu saí, me senti bem de novo.

Fiquei com dor de cabeça, mas nada comparado ao mal-estar que eu havia sentido dentro da casa.
Não demorou muito e minha mãe saiu com a moça que nos guiou.
Minha mãe disse a ela que o preço estava bom e perguntou por que a casa estava com um preço tão barato (mesmo que fosse pequena, aquela área era bem localizada).
Então a moça disse que ela era amiga da nova dona da casa, uma mulher que havia herdado aquela casa da mãe, recém falecida.
Ela disse que a mulher estava em outra cidade e não tinha interesse em morar lá, então ia alugar.

Eu interrompi ela e perguntei se a senhora que faleceu era aquela no retrato da sala e ela disse que sim, que era a antiga dona daquela casa, que ela morou alí por muito tempo e que havia falecido há apenas sete dias!
Então tudo fez sentido.
Era óbvio que aquela senhora ainda estava lá e não queria ninguém na casa que sempre foi dela.
Entendi o porquê de todo o mal-estar que eu senti, o fato de o retrato ter chamado tanto a minha atenção e o fato de eu ter tido aquela visão no primeiro quarto, porque provavelmente era o quarto dela e ela queria que continuasse assim, mesmo após a morte.
Nos despedimos da moça e agrademos.

Eu estava bem impressionada e tentava processar tudo que havia acabado de acontecer comigo e não falei nada até que a minha mãe disse que não gostou da casa, mais ainda quando soube que a antiga dona havia acabado de falecer.
Eu apenas disse que concordava e que eu também havia me sentido muito mal, por isso eu saí antes mesmo de pisar na cozinha, mas não falei nada muito além disso.
Nem eu mesmo estava acreditando no que eu havia acabado de ver e sentir lá dentro.
Mas eu sei o que aconteceu e sei que eu jamais conseguiria morar alí, pois a verdadeira dona da casa ainda estava lá...

 

Cindy - Brasil
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